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Tuesday, February 28, 2006

 

Mundiano em Bali







Bali é uma ilha que deve ser apreciada como uma mulher, no primeiro contacto que temos com Bali, esta convida-nos a fazer amor com ela. Esta pérola hindu no meio de um arquipélago islâmico é o misto da beleza natural da ilha e a amabilidade e doçura dos habitantes de Bali.

Quem visitar esta ilha deve ter cuidado para não pisar as ofertas que o povo de Bali faz aos deuses hindus. Estas podem ser encontradas á porta de qualquer casa desta ilha e demonstram a proximidade que há entre esta ilha e o divino, não muito longe do paraíso. Mas o paraíso desta ilha não está só junto ao mar, os vales e montanhas do interior de Bali são repletas de beleza verdejante, templos que parecem fazer parte da natureza, cascatas que purificam o ambiente e sorrisos que nos levantam o espírito.

A praia de Balangan proporcionou-me um dos momentos de maior paz que já vivi. O pôr-do-sol caído na calma azul marítima, o som de orações hindus fundido nos meus pensamentos profundos ensinaram-me uma coisa simples, a simplicidade da natureza é mais sabia do que qualquer genialidade da civilização.

Mundiano


Sunday, February 19, 2006

 

ATENÇÃO---M E

A história de Maria Emilia não fica por aqui, está a ser arquitectada, mas leiam a primeira parte e preparem-se para as outras

 

Maria Emilia

Maria Emília nasceu em Oliveira de Azeméis e em toda a sua vida nunca tivera o desejo de ser sensual. Pelo contrário, a educação católica e conservadora que definia fortemente a sua personalidade impediu-a até uma certa fase da sua vida de ter qualquer tipo de pensamentos sexuais. A verdade é que esses pensamentos tiveram sempre presentes, mas reprimidos. Era visível no seu olhar, na sua maneira de andar e até na sua doce voz, tudo nela era inevitavelmente sensual...Tudo menos as suas roupas de freira sem hábito. Mas tudo isso é explicável se analisarmos a história desta menina. Emília nunca conhecera seus pais. A única coisa que sabia de sua mãe era que esta tivera que sair de Oliveira de Azeméis muito nova e que só voltara quando estava grávida de si. Depois de Emília nascer, sua mãe abandonou-a, deixando-a ao cuidado de duas tias solteiras, católicas e muito conservadoras. Estas, sempre a trataram muito bem, dando-lhe tudo o que puderam para que a menina fosse feliz, saudável e bem formada. Claro que não lhe puderam dar o amor de mãe e de pai mas criaram-na como uma filha.
Durante toda a sua adolescência, Emília questionou-se a si e ás suas tias quem eram os seus pais, o que faziam e o porquê de nunca os ter conhecido. As tias sempre lhe disseram que sua mãe era actriz e que o seu pai era um homem de negócios que estava constantemente a viajar, o que o impedia de a ir visitar. Como a informação obtida através das tias era escassa resolveu ir pedindo aos habitantes da sua terra que lhe dissessem tudo o que soubessem sobre os seus pais. Perguntou a toda a gente, mas pareceu-lhe que as pessoas não se sentiam á vontade em falar no assunto, talvez por isso não lhe deram grande informação. O primeiro sitio a que se foi informar, foi o café do Ti Manel onde só estava o próprio Ti Manel e o jacintinho, o maluquinho lá da terra. O Ti Manel disse logo a Maria Emília, que a sua mãe era a mulher mais bonita que alguma vez vira na vida. Maria Emília ficou fascinada e perguntou ao Ti Manel se já tinha visto algum filme em que entrasse a sua mãe. Este respondeu que sim e Maria Emília perguntou excitada se por acaso ele não tinha um que ela pudesse ver. Ele respondeu que não, um pouco atrapalhado, virando a cara como quem esconde algo. Emília já um pouco desanimada, perguntou que tipo de filmes fazia sua mãe, mas esta pergunta teve um efeito inesperado. O Jacintinho ao ouvir a pergunta rosnou uma resposta, rindo-se descontroladamente, que a menina não percebeu. Pediu ao Ti Manel que este lhe dissesse, mas este agarrou no maluquinho e expulsou-o do café aos gritos. Maria Emilia ficou um pouco baralhada com a reacção do jacinto á sua pergunta, isto mais o incómodo que a sua pergunta causava nas pessoas deixou a sua cabecinha de 12 anos bastante baralhada. Será que a minha mãe fez alguma coisa de mal, porque é que as pessoas não gostam de falar dela ? Porquê que ela desapareceu? Pensou a menina.
A infância de Maria Emília foi passada calmamente em Oliveira de Azeméis, a brincar pelos campos, a estudar muito, a rezar, a ir á igreja frequentemente e a aprender com as tias todos os ofícios caseiros que um homem tradicional espera de uma mulher. Durante sua infância e pré-adolescencia pode-se dizer que foi ingenuamente feliz, sempre foi boa em tudo o que fez, tinha jeito para bordar, cozinhar, saltar á corda, era a melhor aluna da escola e a menina mais bonita da terra, todos os rapazes andavam atrás dela mas ela nunca deu trela a nenhum. Aos 15 anos, a menina tinha uma beleza inacreditável, apesar da tenra idade, o seu corpo era de uma rapariga de 20 anos, tinha pernas compridas, finas e elegantes, as ancas largas e curvilíneas e um peito generoso. O seu cabelo era longo, liso e de um castanho dourado, seus lábios eram carnudos, húmidos e faziam um sorriso lindo e cativante, os seus olhos eram cor de mel e brilhavam espectacularmente. Praticamente todos os jovens de Oliveira de Azeméis eram apaixonados por Maria Emília, todas as meninas da terra morriam de ciúmes dela, mesmo as mulheres mais velhas sofriam de ciúmes ao verem seus maridos encantados com a menina. Felizmente que ela era muito ingénua e não se apercebia muito bem disso, achava que os homens eram simpáticos para ela porque também a achavam muito simpática e não ligava nenhuma aos muitos rapazes que a pediam em namoro.
Desde que entrou no secundário que teve uma professora vinda da capital a acompanhá-la. Esta professora de nome Sofia apercebeu-se cedo do potencial de Maria, a rapariga era de facto brilhante por fora e por dentro. Em Oliveira de Azeméis não havia jovens com grandes ambições, alguns ambicionavam sair da cidade mas só por tédio de província e por acreditarem que a cidade faz as pessoas subirem na vida. Maior parte dos jovens desta terra continuará o que os pais começaram. Mas Emília tinha horizontes grandiosos, a sua inteligência e conhecimento cultural obtido através dos livros de suas tias abriram-lhe a mente. Sua professora Sofia motivou-a bastante a ir tirar um curso superior para Lisboa. As tias é que não gostaram muito da ideia, sempre que Maria Emília falava disso havia discussão, é que enquanto uma tia se opunha fortemente e dizia que estava fora de questão, a outra não queria mas achava que a sobrinha tinha o direito de escolher a sua vida. É importante perceber que estas tias fizeram tudo para proteger Emília da maldade existente no mundo, conservaram-na como uma flor de estufa, amavam-na como uma filha e receavam que esta seguisse o mesmo caminho desviante dos pais (caros leitores, provavelmente estão baralhados e curiosos para saber que caminho desviante seguiram os pais de Emília, afinal já foi dito suas profissões, através das tias. será que estas estavam a mentir? Será que estavam a esconder uma verdade aterradora? Desacreditem já da ideia de que vos vou dizer agora, nem agora nem neste capitulo, se calhar nem vos vou dizer, vou deixando pistas como já deixei algumas e vocês que se safem. Há que criar algum suspense)
Enquanto em casa as discussões sobre a ida da menina para uma universidade em Lisboa prosseguiam, o mesmo assunto era abordado sobre forma de planos com Sofia professora. Maria Emília queria tirar psicologia na melhor universidade do estado que houvesse em Lisboa, tinha média para isso e quando chegou a altura das candidaturas para as universidades, a professora tratou de tudo e Emília foi alinhando um pouco a medo. A professora também ia para Lisboa dar aulas por isso convidou a jovem a ficar em sua casa e prometeu ás tias que tomava conta dela. Mas estas continuaram-se a manifestar contra, a tia mais conservadora começou a assustar a menina, dizendo-lhe que a cidade era o inferno, que ia ser mal tratada e que iria ver coisas horríveis. A ingénua rapariguinha ouvia isto e levava seu Cérbero atormentado a Sofia que o curava com verdade e delicadeza.
No dia que soube que tinha entrado para o curso que queria, foi festejar com Sofia, combinaram partir para a capital uma semana depois. Nessa semana foi preparando as tias para a sua partida, estas concluíram que não podiam impedir a sobrinha de sair de casa, devido á sua maioridade mas avisaram que não iam patrocinar a sua perdição. Um dia antes da partida o ambiente em vez de ser de despedida, era de tensão, não havia diálogo. Sempre que Maria tentava puxar conversa, a tia mais rígida não respondia, a outra ia para responder mas levava com o olhar severo da tia rígida. A certa altura da noite, a rapariga reparou que a tia menos rígida estava a chorar escondida na cozinha. Emília ficou comovida e também soltou umas lágrimas. Abraçou-a com sentimento e com tempo, olhou para baixo para os doces e húmidos olhos de sua tia querida.
-Gosto muito de ti, vai-me custar separar de ti, vem comigo ao meu quarto. – disse-lhe a tia.
Entraram no quarto, a tia pôs-se debaixo da cama e tirou uma caixa.
-Fico muito orgulhosa por teres entrado para a universidade, mas vais-me prometer que vais ter muito cuidado, na cidade há muita gente com más intenções. A tua tia está com aquela atitude fria, mas ela também gosta muito de ti, só que está-lhe a custar muito e é a única maneira que ela encontrou para lidar com a situação.
Dentro desta caixa tens uma fortuna que o teu pai te deixou. Quando chegares a Lisboa vais pôr isto num banco e promete que só usarás isto para coisas de bem.
Maria Emília concordou e ficou comovida, dirigiu-se á sala, fez a outra tia levantar-se com o olhar e abraçou-a também com lágrimas e amor.
No dia seguinte, a jovem saiu de casa com as malas e as tias atrás e teve a surpresa de encontrar a população da terra quase toda, que viera para se despedir. Meteu as malas no carro de Sofia e demorou-se a despedir de toda a gente. Sentiu-se amada, sentiu-se partir e afastar-se de um lar cheio de amor, conforto e carinho. Quando deixou de pensar nisto e secou as lágrimas já estava na confusão de uma auto-estrada. Qual seria o seu destino?

Thursday, February 16, 2006

 
Perdido no destino estrelado, abraçado pelo silencio melódico da noite, iluminado pelo luar de lua cheia, respirando o ar fresco da serra. Este vale fala comigo, transmite mensagens que não entendo por completo. O que percebo das mensagens valisticas deixa-me mais calmo. Deitado no chão sinto uma energia, sinto-me parte do cenário, não me sinto desincerido como no quotidiano semi-urbano, sinto-me em harmonia, sinto me fundir com a natureza. Oiço umas gargalhadas, sou arrancado do quadro, caio directamente na realidade...Na realidade? Será? Na realidade estava eu, na mais pura... Então isto é o quê? Isto que eu chamei de quotidiano, è o quê?

Friday, February 03, 2006

 

O afrodi-vinal molho de Dona Mena

Dona Mena faz o melhor molho agridoce que já provei, é absolutamente divinal e inexplicavelmente agradável aos sentidos. É impressionante como o doce e o amargo estão neste molho, tão bem equilibrados, tanto a nível aromático como a nível de paladar. Sentimos doce quando precisamos de doçura e amargo quando a doçura está quase a enjoar. O aroma que sai desta obra-prima culinária faz nos crescer água na boca e deixa-nos loucos de desejo para experimentar esse néctar divino. Depois de experimentar, o sabor que fica na boca e a memória desse sabor deixa-nos semanas com vontade de voltar a ter um encontro com tal luxo para os sentidos.
O molho de Dona Mena também tem o seu toque de picante, proveniente de uma malagueta africana, ligeiramente forte e muito aromática. O poder deste componente misturado com a frescura de sabor de outras especiarias presentes neste molho, deixa-nos o corpo a arder e a refrescar ao mesmo tempo. Outra das qualidades deste molho é a sua textura, tão suave e tão aliciante, que flúi como um rio próspero e puro em tempos de abundância.
Conheci Dona Mena o ano passado, ela veio-me cumprimentar dizendo que era a nova vizinha e que se eu precisasse de alguma coisa, era só tocar no 3ºA, que ela se pudesse ajudava. Este gesto de simpatia foi verdadeiramente contagiante, respondi-lhe que ela podia esperar o mesmo de mim e sugeri que fossemos tomar um café para eu lhe explicar como funcionava o prédio, o que é que ela tinha que saber, e para nos conhecer-mos melhor, já que daí em diante seríamos vizinhos. Ela gostou da ideia, a julgar pelo sorriso com que respondeu. Pude logo apreciar que Dona Mena era uma mulher divertida e interessante, com os seus conservados e maturos 33 anos, sua postura de mulher mulata de alto nível, sua doce e melódica pronuncia angolana e sua capacidade de deixar qualquer pessoa á vontade, através do humor e doçura nas atitudes. Para além de agradável no trato, esta senhora também é muito atraente e sensual. Tem os olhos de um castanho muito claro, doces, brilhantes e experientes. Sua pele é cor de chocolate de leite e é macia como mel. O seu corpo é composto por curvas grandes e atrevidas mas no entanto suaves, suas ancas e traseiro majestosos mostram bem o poder e sensualidade da feminilidade africana.
Nesta conversa que tivemos, ela falou-me que era cozinheira entre outras coisas, Explicou-me que era descendente de uma das rainhas do Congo. Sua mãe, filha de uma rainha de um reino africano apaixonou-se por um colonizador belga. Viveram juntos em Africa um feliz e imperturbável amor, passaram a viver na mesma casa e tiveram uma menina (dona Mena). Entretanto a sua paz foi perturbada quando, o Colonizador Belga foi destacado para trabalhar numa embaixada em Lisboa. Mas a mãe de Dona Mena não viu este percalço como um travão á sua felicidade, mas antes como um pretexto para conhecer o misterioso mundo ocidental que até á data só conhecia dos livros e do que ouvia falar. O companheiro belga desaconselhou-a de todas as maneiras possíveis, mas esta tanto insistiu que conseguiu. Em Portugal, a nossa rainha africana não se sentiu rainha como seria de esperar, sentiu-se desenquadrada, ao mesmo tempo maravilhada e assustada. A verdade é que esse sonho de conhecer o ocidente, cedo se tornou um pesadelo. O belga trocou-a por uma mulher branca e ela quase que ficou na miséria. Ficou sozinha, com uma filha para criar e algum dinheiro que o seu belgazito deixara. Com esse dinheiro investiu numa loja de produtos africanos da qual sobreviveu até ao fim da sua vida.
Foi assim, como que por brincadeira do destino que este atirou Dona Mena para a mesa de café onde eu estava e para a mesma conversa em que eu estava. Nesta conversa demonstrei-lhe o meu interesse pela cultura africana e por sabores fortes, quentes e aromáticos. Seus olhos brilharam e revelou-me que fazia um molho agridoce especial e delicioso, tradição das mulheres da sua família para agradar os homens. Sugeriu-me que aparecesse em sua casa para provar e assim fiz. Fiquei tão encantado que comecei a ir a casa de Dona Mena com frequência molhar o bico nesse néctar tão divinal e tão único. Foi assim que se criou esta saudável relação de prazer e amizade que me lava o espírito e aquece a alma sempre que preciso

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