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Monday, November 19, 2007

 

A paz esquecida (parte II)

Quando lhe contaram esta história, Jacob desatou-se a rir dizendo que as pessoas são muito estranhas
- as coisas que as pessoas inventam e a maneira como sofrem com elas é ao mesmo tempo cómico e triste - disse Jacob a Pierre que ainda estava incrédulo com aquilo tudo

Pierre chegara á região de Tombuktu no dia anterior a conhecer Jacob, vinha de Paris sua terra natal, donde saturara da vida citadina, dos acontecimentos sociais de pompa que a seu ver eram uma pura celebração da hipocrisia vigente, onde os trajes e as cabeleiras ridículas eram máscara para esconder a sujidade da alma dos seres que as vestiam. Havia se formado em medicina e recentemente começara a procurar lugar num hospital em uma colónia qualquer francesa, de preferência num sítio que tivesse uma fauna abundante, uma vez que uma das suas paixões era caçar. Lá conseguiu um lugar razoável numa terra do Sudão francês devido á influência do seu pai e assim que arranjou meios, arrancou para o desconhecido por que tanto ansiava. Quando chegou foi recebido com uma festa organizada pela comunidade francesa local que o fez voltar á realidade de que ele tinha fugido. Decidiu então escapar-se outra vez e foi deitar-se cedo para no dia seguinte ir caçar. Disseram-lhe que estava com azar porque naquela zona não havia muita fauna mas que no fim-de-semana faziam expedições de caça numa zona longe dali. Não estava convencido, para ele Africa era como sempre ouvira falar, cheia de animais exóticos por todo o lado e achava que os seus conterrâneos estavam só a tentar convence-lo a ficar mais tempo na festa de recepção. Saiu então cedo á busca de animais selvagens mas foi deserto que encontrou, continuou esperançoso de encontrar um animal com que se pudesse defrontar mas deu por si mais entusiasmado com o nascer do sol que se levantava por trás das dunas e o ia aquecendo. Resolveu-se sentar na areia a contemplar aquele momento inédito que lhe deu uma sensação de alívio e bem-estar que os luxos todos que a sua vida de nobre francês lhe permitiam nunca lhe conseguiram dar. Adormeceu como um bebé só adormece no colo da sua mãe e acordou passado poucas horas devido ao calor. Quando abriu os olhos não acreditou que já estivesse acordado, á sua frente estava um leão, tinha a certeza, já tinha visto em filmes, aquilo era um leão em pleno deserto.

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