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Monday, October 22, 2007

 

Excertos de um entrevista do DN a José Eduardo Agualusa



"As situações mais inverosímeis provavelmente são verdadeiras porque ninguém as consegue imaginar a não ser a vida. Só a vida consegue imaginar situações totalmente inverosímeis. Há uma história sobre um músico importante em Moçambique, nos anos 70. Entrevistei-o. Ele contou que foi ao oftalmologista porque estava a ver mal e que o oftalmologista lhe disse: "É inacreditável o senhor queixar-se de vista cansada sendo cego." Depois disso encontrei uma filha dele em Angola e disse-lhe que tinha conhecido o pai e o tinha entrevistado. Ela disse-me: "Ele deve ter contado muitas mentiras." Respondi-lhe que achava que sim, falei-lhe da história de ver mal e ter descoberto que é cego. Ela disse: "Não, isso é verdade."



O que me preocupa é tentar discutir a existência ou não de uma identidade comum aos países onde se fala a língua portuguesa. Falamos de 200 milhões de pessoas e cada pessoa é um caso. É óbvio que estou mais perto do Rubem Fonseca do que ele está de um índio do interior da Amazónia que não fala português ou do que eu estou de um angolano do sul de Angola, criador de gado, que também não fala a língua portuguesa. Não são as fronteiras que definem as identidades e a língua tem muita importância. Muito mais do que as fronteiras. O que é concreto é a língua. As fronteiras são invenções artificiais."

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